Eu escrevo histórias desde os sete ou oito anos de idade e vocês que acompanham o blog ou o meu trabalho estão carecas de saber disso. Portanto, vocês devem imaginar que nem sempre eu escrevi coisas dignas de serem lidas kkk.
Eu já usei a escrita como desabafo, terapia, revolta, rebeldia e como "viagem", acho que todo mundo tem direito de fazer isso, pelo menos é uma forma saudável de por pra fora suas explosões interiores, sem prejudicar a saúde, sem prejudicar ninguém, sem embarcar em outros tipos de "viagem". Mas daí até mostrar seus escritos para as pessoas, torná-los públicos, querer que gostem, ou que sejam considerados obras literárias, são outros quinhentos, né?
Mas é o que infelizmente acontece. Eu sempre soube que muitos dos meus textos não eram obras literárias, apesar de serem legais para mim e para os meus amigos. E demorou até que eu começasse a compartilhar as histórias da juvenília.
Hoje, com a explosão da internet, tudo está muito exposto e todo mundo pode tudo. É inegável que muitas portas se abriram e oportunidades surgiram (inclusive para mim e agradeço) mas também vem uma enxurrada de textos que você diz: "eu podia ter dormido sem ler isso".
Não sei vocês, mas eu não dou prosseguimento neste tipo de texto. Eu começo a ler, se não gostei, se não há qualidade, paro por ali mesmo.
Uns dias atrás, vi no Wattpad um livro adolescente, escrito por adolescente e para adolescente, com muitas visualizações e comentários. Eu fiz aquela carinha do WhatsApp, de dúvida, com a mão no queixo. Eu acredito que adolescentes podem fazer textos ótimos, especialmente porque é um dos períodos mais criativos da vida. Mas também sei do desvio de princípios que a maioria dos adolescentes de hoje sofrem, o que se reflete no que produzem, e isso inclui seus textos.
Eu fiquei horrorizada com as poucas linhas que li. A história era sobre uma "patricinha" de 15 anos, que tinha um irmão que deve ser uma caracterização da juventude de hoje: o cara só pensava em coisa errada 24 horas por dia, a ponto de atacar a irmã (com o consentimento dela) justificando que era "brincadeira". Para piorar, logo no início da história a "patricinha" foi em uma festa em uma comunidade, aonde conheceu um cara de 16 anos que era traficante e ela não sabia. Aliás, ela não sabia nem o nome dele, mas isso não impediu que com menos de dois minutos de conversa os dois tivessem relação sexual. Foi então que eu resolvi parar de ler essa história, principalmente quando percebi que bastaram poucas linhas para chegar a este ponto, mas haveria muita descrição detalhada para a questão da relação sexual.
Ou seja, qual o intuito da história? Nem foi preciso ler muito para constatar que era nada mais nada menos do que sexo gratuito. Eu abandonei o texto ao perceber a má qualidade, mas quantos jovens, adolescentes e até mesmo crianças se enveredam por esse tipo de enredo?
Pelo número de visualizações e comentários, assustadoramente isso tem agradado a muitos. Por isso me preocupo com essa juventude. Foi a mesma sensação que tive quando li
Cidades de Papel, achei certos personagens nojentos.
Quando eu era adolescente, não havia toda essa facilidade de acesso à internet. Mas eu já era bem exigente em relação à textos, mesmo sabendo que os meus não eram grande coisa kkk.
Lembro de uma colega do 1º colegial, que resolveu que iria ser escritora e me entregou uma de suas histórias para dar uma opinião. Era mais ou menos assim: um garoto que foi procurar o anel perdido da amiga, perto da colmeia de abelhas e morreu picado por um enxame (oops, tô detectando Sessão da Tarde,
Meu Primeiro Amor aqui?) daí a menina ficou depressiva e todo dia ia chorar no túmulo do menino.
Eu não lembro mais do resto e não lembro se li o resto. Acho que sim. Só sei que era muito melodramático e eu questionei qual era a intenção da minha colega autora com aquele texto. Se era fazer chorar, comigo falhou.
Depois ela me deu um outro texto, inspirado no clipe Stronger da Britney Spears, onde uma menina traída começa um plano de vingança, que incluía entrar em uma festa com uma bola de demolição (pan! Erro do Windows). Depois que ela se vingava vinha aquela sensação de... nada. Pelo menos foi o que eu senti.
Também teve uma outra colega, em outra escola, no 2º colegial, que resolveu escrever e também me pediu para ler. O problema é que ela era viciada naqueles romances de banca de jornal, que eu nem sei se ainda existem. Minha mãe sempre dizia que eles tinham qualidade questionável, e como fonte de inspiração dessa colega, acho que era verdade.
No início da história, os personagens principais já eram apresentados com seus nomes americanos (Kate e esqueci o nome do cara), o que já me deixou com o pé atrás. Depois vinha uma longa descrição de seus atributos físicos, ela uma espécie de Barbie, e ele uma espécie de Brad Pitt com Whey Protein kkk. Eu não consegui passar disso, já sabia no que ia resultar.
Bom,
minhas experiências com a literatura na adolescência não foram as melhores, e não digo isso por causa do processo de criação de meus colegas kkk. Tudo o que era considerado clássico e era obrigatório na escola me dava vontade de não ler nada nunca mais.
Eu não me acho a melhor escritora do mundo, mas uma coisa pode ter certeza: eu só quero fazer o meu leitor pensar. E se conseguir, missão cumprida.
Leia também:
Lixo por toda parte.
Lixo por toda parte - parte 2.