Namorar cedo.

Thaís era uma menina tímida do interior como tantas outras. Mas sua beleza chamava a atenção dos garotos e ela estava bem ciente disso.
Por causa da timidez, procurava não dar ouvidos aos elogios que recebia. O medo que sentia da reação dos pais também era algo que a impedia de ir na onda dos garotos. Os pais eram rígidos e não gostavam que Thaís sequer conversasse com eles.
Mas, aos 13 anos, numa festa de aniversário de uma colega de classe, Thaís teve sua primeira experiência com um garoto de 15. Foi seu primeiro beijo.
Dali em diante, ficar com um e com outro era rotina. Já que os pais não descobriram o que rolou no níver da amiga, certamente não descobririam as vezes seguintes. E de fato não descobriram.
Aos 14 anos, Thaís conheceu Fábio, por quem se interessou rapidamente. Os dois, inevitavelmente, acabaram ficando. Ao contrário dos demais garotos, Fábio ficou com Thaís por diversas vezes, sempre às escondidas, mas ela estava disposta a se arriscar, estava apaixonada.
Fábio, que tinha 16 anos, era mais experiente que os garotos anteriores. Já tinha namorado "sério" um tempo e por isso, se dispôs a assumir o relacionamento com Thaís, pedindo a permissão dos pais dela. Isso a impressionou completamente. Ele queria algo sério. Ele ia ter coragem de enfrentar o pai. "Ele é o cara certo" - ela pensava.
Permissão dada, Thaís começou a namorar aos 14 anos de idade. Imatura, insegura, movida por impulsos e emoções, uma adolescente típica. Sonhadora, pensava que iria se casar com Fábio um dia. Quando? Dali uns quatro anos, quem sabe, quando fosse maior de idade.
Ou então após terminar a faculdade (que ainda não sabia qual, mas sabia que ia fazer uma faculdade), quando ela e Fábio tivessem empregos estáveis e dinheiro. Planos eram o que não faltavam em sua mente tão jovem e tão iludida, pensando que tudo era tão simples e que o amor de um pelo outro os faria superar qualquer dificuldade.
Fábio aproveitava todas as oportunidades para declarar seus sentimentos a Thaís. Mensagens no celular e na internet, cartas, gritos no meio da rua. Ela estava nas nuvens.
Thaís já não precisava mais de suas amigas. Tinha Fábio e ele era seu namorado, melhor amigo e companheiro. Afastou-se de todas elas porque ele achava que as meninas poderiam falar sobre seus "concorrentes". Thaís não queria desagradar Fábio de jeito nenhum.
Por isso também não tinha mais nenhum contato com nenhum outro garoto, nem o mínimo contato. A não ser algum amigo de Fábio, com a presença dele e muitas restrições e vigilância.
Já não saía de casa aos finais de semana, pois seus compromissos se resumiam a um ir até a casa do outro. Não percebia o que estava acontecendo: estava perdendo os melhores anos de sua vida submetendo-se a uma reclusão, onde a exclusividade era toda de uma pessoa que, assim como ela, não tinha maturidade para entender o que era um relacionamento.
O tempo foi passando e o namoro seguiu em frente. Com o aumento da intimidade veio o início de uma vida sexual. Thaís e Fábio tinham certeza que iriam se casar, por isso não viam problema em uma entrega total, cheia de cumplicidade. A aliança de compromisso no dedo trazia a eles a sensação de que eram inseparáveis.
Também vieram os desentendimentos e as decepções quando começaram a conhecer os defeitos um do outro. Vieram as dúvidas se eram mesmo "a pessoa certa" e as comparações com outros casais. O relacionamento estava desgastado.
Thaís estava com 19 quando parou para pensar em seus últimos cinco anos. Não tinha amigas, não fazia outra coisa a não ser tentar agradar Fábio, não tinha perspectiva de futuro, dependia dele para tudo, não conseguia mais imaginar sua vida sem ele. Os planos para o casamento pareciam um grande engano, pois Fábio não trabalhava e não assumia responsabilidades. Como pensar em casamento assim?
Ela também não dava conta da própria vida, pois recorria sempre à ajuda da mãe para as mais simples tarefas. Como cuidaria de uma casa e de um marido?
Thaís pensou em terminar o namoro e ficar um tempo só, sem ter que se preocupar em dar tantas satisfações de sua vida. Pensou em voltar a ter amigas, voltar a ter liberdade, voltar a ter direito de ir e vir, já que Fábio tinha uma personalidade ciumenta e dominadora. Mesmo com essa vontade, não havia coragem. O fim do namoro parecia a amputação de um membro.
Foram tantos anos e tantas experiências juntos, suas famílias já eram ligadas. Mas Thaís não era feliz. Achou que a atenção que ganhava de Fábio iria preenchê-la, e até foi assim por um tempo, mas passou.
Enquanto pensava sobre o que fazer de sua vida, Thaís descobriu a traição. Jamais imaginaria isso de Fábio. Mas a infidelidade justificou o porquê de tanto ciúmes e sentimento de posse: ele não queria que ela fizesse o que ele fazia. Bem que diziam que quem muito desconfia é porque faz o que tanto teme.
Hoje Thaís está só e lamenta os anos perdidos com Fábio. Tudo teria sido evitado se não tivesse entrado em um relacionamento tão cedo, com tanta imaturidade.
Relacionamento é coisa séria, e você não pode se iludir. Entrar em um namoro por carência de atenção ou só para "arriscar" e ver se vai dar certo pode prejudicar o resto dos seus dias.
Namore quando tiver responsabilidade sobre sua própria vida, dinheiro, estabilidade, condições para se casar e maturidade (maturidade é saber lidar consigo mesmo e com os outros).
No próximo post, a história de Thaís e Fábio em uma versão em que dá certo.  

Leia também: Namorar cedo - outra versão.

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